os últimos cinco dias em Jericoacoara foram tranquilos. ficamos pela vila e aproveitamos para ver o sol se pôr quase todos os dias. também à noite o céu todo estrelado, porque era lua nova e dava para ver o rastro da via Láctea. numa das noites saímos para a praia: vimos estrelas e tomamos uma caipiroska de cajá sentados na areia.muito menos em uma caminhada matinal atrás de uma sombra para passar o tempo, descobrimos entre a Praia Principal e a Praia da Malhada, no meio das pedras na maré baixa, uma piscina natural muito boa para ficar a manhã toda.
aquele pedaço fica cheio de piscinas quando a maré está baixa, mas aquela era a única com profundidade suficiente para nadar. também vários peixinhos que se escondiam nas pedras quando a gente entrava. não sei se concordo com essa história de Jericoacoara ser uma das praias mais bonitas do mundo: a praia em si não tem nenhuma sombra, não dá muito para nadar no mar nem quando a maré está alta porque é raso demais, o mar tem algas por todos os lados, a areia é cinzenta. mas não há dúvida de que o lugar é bonito. se o sol está alto a água fica azulzinha esverdeada. o difícil é você aguentar ali por muito tempo debaixo do sol sem correr de volta para a vila atrás de uma sombra.
a vila em si é um grande shopping center com uma área de alimentação gigantesca. meu deus quanto restaurante quanta loja quanta pousada. quase tudo na mão dos estrangeiros, a maioria italianos, alguns ingleses e espanhóis. tinha até (juro) pelo menos duas joalherias, uma delas logo na saída da praia. porque claro que você sai da praia e pensa puxa, preciso comprar um brinco de prata. encontramos também uma loja de roupas e acessórios que emprestava livros, além de um restaurante árabe com um sebo. os preços são coisa de São Paulo, com a desculpa da dificuldade do abastecimento nessa vila perdida entre dunas. a gente almoçava quase todos os dias no PF (era sete reais; eu pedia para pôr menos arroz e feijão e um bife menor e me cobravam cinco), mas às vezes um sorvetinho e uma tapioca, uma cerveja (2,50 a latinha de Skol, Brahma ou Antártica no depósito onde a cerveja era mais barata). à noite a gente cozinhava no camping. a maioria das pessoas que trabalha na vila mora em outro lugar: na vila de Preá, no Camocim, em Jijoca. morar em Jeri ficou caro demais para o nativo. encontramos também um argentino de Buenos Aires torcedor do Racing, que queria me comprar meu boné e depois pediu para tirar uma foto comigo. na segunda vez que nos vimos, quem pediu para tirar foto fui eu. senão ninguém ia acreditar (principalmente meus amigos argentinos torcedores do Boca).
dá para ficar muito tempo por Jeri, curtindo a praia, as dunas e o pôr do sol. mas a verdade é que boa parte das atrações são as mordomias oferecidas aos turistas: os restaurantes e pousadas e as caipirinhas na saída da praia. também começa a cansar um pouco os bugueiros todos os dias oferecendo passeios (os mesmos dois passeios). na quinta-feira compramos a passagem para Fortaleza na agência da Fretcar: 42,20 reais por pessoa com o transporte na jardineira até Jijoca incluso.
a jardineira saiu sexta-feira às sete e meia da manhã (acordamos às seis, desmontamos a barraca, arrumamos as coisas e comemos bolacha com iogurte) com o mesmo céu nublado que tinha nos recebido quando chegamos. valeram a pena os dez dias que ficamos por lá. para quem ainda não viu: tem mais fotos no álbum de Jericoacoara, no álbum do camping e no álbum dos passeios de buggy.