iruya é uma festa, parte 2

a procissão nos agarrou no final do jantar em um pé de ladeira; pagamos e subimos pra acompanhar a gente que tocava umas cornetas mui compridas e esquisitas, junto ainda de uns turistas pata blanca que falavam alemão, a senhora paqueta do chapéu com pompons e outros que seguiam e cantavam junto. duas curvas e estávamos descendo a rua principal em direção à igreja, onde já um monte de gente reunida esperando pra começar a festa.

teve os cachis fazendo baile e o bispo passando de imagem em imagem (um montão de imagens enfileiradas empoleiradas nos ombros das pessoas) e uma menina de cinco ou seis anos que dos ombros do pai relatava tudo o que estava acontecendo pra quem não conseguia ver. fico impressionada com as abuelas que apesar da pinta de sessenta anos aguentavam as crianças nos ombros quase todo tempo como se um peso menor.

terminada a celebração e os bailes dos cachis a multidão se dispersou um pouco e foi se acomodando em volta do palco pra começar a serenata; serenata essa que só começou de verdade depois de benção do bisco, discurso do intendente (prefeito), vizinho tocando ave maria no violino, mais discurso e umas apresentações de dança folclórica das crianças da escola que não dava pra ver muito bem porque foi embaixo do palco e eu sou baixinha. o grupo principal tocou bastante música folclórica e o tipo que apresentava a serenata se metia entre cada música pra fazer qualquer comentário infame. Juan comprou água saborizada de pera e balinhas. eu não me aguentava muito em pé depois de tanto caminhar e principalmente tanto descer ladeira.

ao grupo principal seguiram-se ainda mais apresentações, e algumas também de dança e tudo bem lindo de se ver e estar e sentir que se está ali naquele momento e que estranho uma festa a uma virgem nos limites do norte argentino a quase três mil metros de altitude; e que estranho escutar essa ou aquela música pela segunda ou terceira vez como se já um pouco parte de tudo isso; que estranho sentir-se tão em casa no mais estranho dos lugares com essas duas pessoas que conheci a menos de uma semana e que em alguns dias já não vou mais ver senão as vagas promessas de fato se concretizem. passada uma da manhã achei melhor tomar o rumo da doña Asunta ou não ia conseguir subir aquela ladeira nunca mais. deixei Juan e Barbara com o grupo principal que voltava com uma música sobre a quebrada humahuaque__ñ__a.

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