duas histórias de fantasmas de Ouro Preto

as histórias foram contadas pelo Gustavo, guia da mina Jeje.

  1. contam que um padre de uma paróquia de Ouro Preto certa noite não conseguia dormir. em um momento, ouviu o sino tocar. naquela época, cada tipo de toque do sino da igreja já indicava qual a cerimônia que seria realizada. devia ser por volta de meia noite e o toque do sino indicava que se estava para celebrar uma missa. estranhando que uma missa fosse realizada àquela hora pouco santa, o padre saiu da cama e foi até a igreja. entrando, parou ao fundo e observou: um padre, de costas (como era o costume), celebrava uma missa para pessoas encapuzadas. o padre insone ficou por ali observando, curioso. quando a missa terminou, o outro padre virou-se e, ao vê-lo, disse: “há anos venho celebrando essa missa esperando alguém que a pudesse assistir. nunca tive a chance de celebrar missa nessa igreja para alguém. obrigado.” dito isso, completou indicando um local da igreja em que estava escondida uma enorme pedra de ouro maciço. no dia seguinte, o padre encontro o ouro no lugar descrito.

  2. diz que, também nos séculos XVIII e XIX, aqui em Ouro Preto costumava-se trancar os leprosos dentro de suas próprias casas, abandonados à sorte. alguma vizinha, se tivesse algum senso de caridade, levava todos os dias comida para quem estivesse enfermo, enfiava por debaixo da porta. às vezes trancavam-se famílias inteiras. sabia-se que alguém tinha morrido quando um dos pratos voltava cheio. numa dessas uma família foi trancada e, um a um, os membros da família foram morrendo, até que restaria por último o menino mais novo, uma criança. anos se passaram, a casa foi reaberta etc. hoje em dia essa mesma casa é uma república (o que mais tem aqui são repúblicas, que são como as tais das irmandades nos EUA). numa dessas festas de república, durante o inverno, muitos dos presentes foram ficando para dormir, já de madrugada. entre eles um rapaz que não conseguia dormir de jeito nenhum por causa do frio. aproximou-se um menino com uma coberta na mão e a deu para ele: toma isso aqui que você dorme rapidinho. dito e feito. o rapaz dormiu. no dia seguinte ele foi conversar com os moradores da república. queria saber quem era o menino para devolver a coberta. ficou sabendo que ali não tinha menino nenhum, não sabiam quem ele podia ser. acontece que, quando a república começou, encontraram nas coisas velhas da casa um retrato de um menino, e penduraram na parede. o rapaz viu esse retrato e disse “mas foi aquele ali do retrato”. a resposta era que ninguém sabia quem era o menino, e o quadro devia ter um ou dois séculos de idade…

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