merlo hostel: amizades de mochileiro

nunca vou me acostumar com isso de chegar num lugar e em uma hora ter feito uma meia dúzia de amigos. é um pouco surreal enfrentar o desconhecido (um novo lugar, uma nova casa) sem saber o que me espera e em tão pouco tempo essa sensação de familiaridade quando você se senta à mesa e parece que conhece aquela gente há meses. aí vai dizer que não é assim, que não é amigo e sim gente-que-se-conhece. mas deixa falar uma coisa sobre amizade de mochileiro que ouvi de um brasileiro que conheci em Potosí quando viajei à Bolívia em 2011: amizade de mochileiro é que nem miojo; em três minutos já está pronta. seria um exagero mas o que faz a verdade é a postura do mochileiro que está na pilha de conhecer gente e, principalmente, que costuma ser um bicho meio solitário e quase sempre gregário. então é como dizia a camiseta do Mariano, dono do Merlo Hostel.

aproveitei o clima tranquilo e amistoso do hostel pra atualizar um pouco a vida online; no manhã em que Mariano e Diego, um que vivia por ali, me convidaram para conhecer a reserva da quebrada de Villa Elena, Djules o brasileiro que trabalhava no hostel me levou no quadriciclo pra conhecer alguns miradores atrás do povoado de Merlo, aos pés da sierra de los Comechingones.

eram uns três que moravam no hostel, mais o Djules que morava por perto mas estava o dia todo por lá. também a turma que vai chegando pra passar uns dias: com Alicia fui visitar o famigerado algarrobo abuelo, que é um algarrobo de 1200 anos, gigantesco. tomamos um ônibus até um bairro afastado chamado Piedra Blanca e fizemos um piquenique no riacho que marca o limite entre as províncias de Córdoba e San Luís. depois voltamos para caminhar uns quatro quilômetros até o algarrobo. que é gigantesco.

quando chegamos disse à Ali que podíamos sair naquele instante e tomar o ônibus que passava em dois minutos ou esperar uma hora pelo próximo. decidimos ficar. mas aí que tem qualquer coisa meio mágica nesses arredores do algarrobo e nunca vi hora passar tão rápido. foram 60 minutos em 15. mais tarde nesse dia chegou Lisa, a alemã, e assim como eu em meia hora já era parte do grupo e estava apaixonada pelo lugar com vontade de ficar pra sempre. melhor companhia pra ficar à toa no hostel lendo ou escrevendo ou lagarteando na piscina (sim, tinha piscina). também que quase todos os dias alguém se animava a cozinhar pra todo mundo, no almoço ou no jantar. fica mais barato e a gente come mais (ops). numa dessas o Cris (um sósia do Nicolas Cage) fez compras pra janta e enquanto íamos preparando percebemos que ali tinha janta pra dois dias e melhor deixar a lasanha pra amanhã etc.

aí claro que fiquei mais tempo do que o plano inicial. conhecer lugares é muito lindo e tudo, mas lugar lindo tem em todo lado (exceção à puna catamarquenha que é coisa de outro planeta). sempre vai ser incrível essas companhias de dois ou três ou sete dias com quem a gente compartilha a vida e as histórias como se uma amizade de anos.

blog

página inicial