viajar sozinho é nunca estar sozinho: Cachi e as companhias

mentira, claro, mas poderia não ser. ou: quem procura acha; e quem não procura às vezes acha também. vê: segundo dia em Cachi no café da manhã comentei com um rapaz do hostal que se quisesse podia usar a mesma mesa que eu porque eu tinha limpado e a outra estava meio empoeirada e aí a gente já estava conversando e ele ia passar o dia no camping El Agarrobal, a uns 16 km de Cachi, e ia pedindo carona e se eu quisesse podia ir junto. que era o tipo de lugar muito longe que se não fosse com companhia eu nem ia mesmo, então ya está. porque caminhar sem se preocupar com tempo distância e ter qualquer companhia pra conversar enquanto se espera que algum carro pare e nos leve um pouco mais perto do nosso destino final. depois ainda errar caminho e deixar-se levar um monte de quilômetros adiante do planejado, ter que voltar caminhando, conseguir outra carona e com essa última chegar aos pés do camping.

tarde no rio.

confesso que cheguei em Cachi pensando que ufa, vou aproveitar pra ficar um pouco sozinha excesso de interação etc. mas topei com esse rapaz e depois com outra menina de Buenos Aires e mais ainda um casal mais velho também de Buenos Aires e a companhia toda tinha algo de tranquilizante. fiquei cinco noites em Cachi no hostel/casa de família chamado La Mamama, pagando 50 pesos por noite, sem internet senão a da árvore do outro lado da rua porque o 3g do celular funcionava mais ou menos em uma janela de tempo entre as duas e as quatro da manhã, e às vezes um pouco às sete, e depois nunca mais.

pedaço de Cachi

com a companhia da Mariela e do casal, Néstor e Ana (o primeiro com quem fui até o Algorrobal foi embora logo no dia seguinte), fiz a visita a Las Pailas, um sítio arqueológico a alguns quilômetros dali aos pés do Nevado de Cachi (ou nevados, porque é um pedaço de pré-cordilheira cheio de picos que alcançam cinco ou seis mil metros de altura.

las pailas

e as companhias

subimos uma noite até o mirador do cemitério pra ver as estrelas junto do Oso, o cachorro mais simpático de Cachi. até noite de teatro teve, com um grupo de Salta e com direito ao Oso saltando no palco todas as vezes que os atores se exaltavam por alguma razão. meus dias em Cachi foram mui tranquilos e um pouco por querer estar à toa encontrei um equilíbrio entre viajar sozinha e ter companhia; aproveitar a companhia e deixar-se ficar em silêncio. estava lendo The Tao of Travel, do Paul Theroux, e me ocorreu uma coisa importante: estou viajando pra ESTAR. não tanto por recorrer e ver novas paisagens e conhecer e tirar fotos, embora também claro por tudo isso. mas o principal tem que ser estar presente, não importa onde. (com ou sem internet etc.) então Cachi me serviu muito bem pra isso.

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